#화양연화 Notes tradução
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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30 de Agosto, ANO 22 (Seokjin) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
Esta nota está presente no livro 花樣年華 THE NOTES 1, no capítulo The Direction Where the Sun Rises
Há duas notas do dia 30 de Agosto do ANO 22 do Seokjin neste livro. Esta é a primeira.
Seokjin 30 de Agosto, ANO 22
Eu recebi o buquê de flores Smeraldo no último minuto. Já tinha passado da hora marcada, e eu estava olhando impacientemente para o meu relógio. Felizmente, o caminhão de entrega apareceu antes dela. O proprietário da floricultura estava dirigindo um caminhão com a logo Flor Smeraldo na lateral.
“Me desculpe. O festival dos fogos de artifício me atrasou.”
Depois que o caminhão foi embora, eu notei que não tinha cartão no buquê, o qual eu pedi com as flores. Eu liguei para o proprietário imediatamente.
“Ah, eu vou dar meia volta agora. O farol acabou de mudar.”
Antes que o proprietário terminasse a sua frase, ela surgiu à vista, andando em minha direção a partir de um cruzamento à distância.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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30 de Agosto, ANO 22 (Jungkook) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
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Jungkook 30 de Agosto, ANO 22
Eu cheguei na ferrovia bem cedo. O ar esfriou depois do pôr do sol, e estava escuro. Eu pensei em entrar no contêiner mas decidi sentar em um canto da plataforma do outro lado da ferrovia. Fazia um tempo desde que nos encontramos. Um sentimento misto superava a alegria e a expectativa. Eu era constantemente lembrado do dia do acidente.
Jimin foi o primeiro a chegar no contêiner. Ele abriu a porta, verificou dentro, mas não entrou. Eu pulei da plataforma e atravessei a ferrovia novamente. Yoongi apareceu naquele momento, caminhando lentamente com seus olhos fixos no chão, e olhou para trás. O Hoseok estava atrás dele, carregado de sacolas nas duas mãos.
Eu me senti desconfortável e agitado. Eu estava animado para encontrar eles. Mas eu não conseguia desfrutar desse momento livremente. Eu esperei tanto por esse momento, mas queria dar meia volta ao mesmo tempo. A primeira série de fogos de artificio explodiram no ar sem aviso. As chamas brancas surgiram no meio do céu noturno e explodiram em milhões de pétalas cintilantes e flamejantes com um grande estouro.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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28 de Julho, ANO 22 (Yoongi) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
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Yoongi 28 de Julho, ANO 22
Eu finalmente consegui levantar de tarde. Eu sofri com febres severas por dois dias depois de descer da montanha. Eu não conseguia me lembrar de nenhum detalhe daqueles dois dias. Eu tremia e me arrepiava de febre. Às vezes eu recuperava a consciência mas a perdia rapidamente.
Meu lençol estava ensopado. Eu ainda me sentia tonto. Eu sai da minha sala de trabalho, tentando me manter estável. Eu fui ao hospital para tomar soro e depois enchi minha boca de comida. Mas eu vomitei tudo. Eu li a mensagem do Jimin enquanto eu lavava a minha boca no banheiro. Embora o número próximo à mensagem tenha diminuído, não havia respostas.
Andei ao longo da ferrovia e cheguei no ponto de ônibus. Havia um prédio inacabado à distância. A construção tinha sido suspensa por meses. A loja de música era subindo um pouco a colina depois de passar por aquele prédio. Eu parei na frente da loja de música. Não havia som de chamas crepitantes ou uma performance desajeitada e lenta de piano. Eu não tinha energia para me abaixar, pegar uma pedra, e jogar. A coisa toda parecia como um passado distante e me fez perguntar se realmente aconteceu. Eu podia ver um piano através da vitrine.
“Você não vê que todos nós estamos sofrendo também? Você não vê isso?” Isso foi o que o Hoseok disse outro dia. As memórias daquele dia estavam todas enroladas na minha cabeça. Mas eu me lembrava distintamente que o Hoseok estava um tanto diferente. Não foi a primeira vez que o Hoseok ficou zangado comigo. Ele nunca foi tão extremo, mas ele sempre me empurrou, puxou e encorajou toda vez que eu caí. Por quê pareceu diferente?
Eu abri a mensagem do Jimin de novo. “Onde você está, Hoseok?” Várias horas se passaram, mas o Hoseok não tinha respondido. Eu podia ver que eu o decepcionei. Parecia que algo dentro de mim estava se debatendo. Hoseok frequentemente ficava com raiva e nos afastava. Mas ele nunca ficava em silêncio ou desviava o olhar. Era ele quem sempre abria o caminho para eu voltar, não importava o quão distante eu tivesse ido. Não desta vez. Parecia irreparável desta vez.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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07 de Agosto, ANO 22 (Namjoon) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
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Namjoon 07 de Agosto, ANO 22
Eu liguei a luz e olhei para o folheto que estava preso na porta do meu contêiner. Dizia “renovação” e “demolição”. As pessoas devem estar falando da renovação dessa área novamente. Sempre havia conversa sobre a demolição dos contêineres alinhados na ferrovia e dos prédios invadidos do outro lado. Eu amassei o folheto e joguei na lata de lixo. A conversa de renovação não começou ontem. Mas ela sempre esquentava como se a demolição fosse acontecer no dia seguinte e então apaziguava depois de um tempo.
Eu larguei minha bolsa e deitei no chão. Fazia um tempo desde o pôr do sol, mas o interior do contêiner ainda estava quente. Eu passei todas as noites aqui depois que eu visitei o Jungkook. Era exaustivo. Às vezes meu nariz sangrava quando eu lavava o meu rosto. Mas eu sempre voltava aqui em vez do quartinho do fundo do posto de gasolina.
Ninguém mais abriu a porta e entrou aqui. Talvez ninguém nunca iria. Todos aqueles que conhecemos devem partir, sem exceção. Podia ser a nossa vez. Mas, se alguém ainda sentia a necessidade de “nós” estarmos juntos, eu queria enviar a ele um sinal de que eu estava aqui. Eu queria mostrar a ele que “nosso” esconderijo ainda estava aqui, ainda estava aceso.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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28 de Julho, ANO 22 (Jimin) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
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Jimin 28 de Julho, ANO 22
Eu verifiquei dentro do Two Star Burger. Hoseok não estava em lugar nenhum. Fazia quatro dias desde que ele apareceu pela última vez na sala de ensaio. Alguém disse que ele falou para minha parceira de dança que ele faria uma pausa, mas depois disso ele não atendeu as ligações de ninguém. Ele nem mesmo leu as mensagens postadas na conversa em grupo do Just Dance.
Eu sabia que seu tornozelo estava incomodando ele. Talvez foi naquela noite. A noite quando minha parceira de dança se feriu por minha causa. Choveu naquela noite, e ele a carregou nas suas costas até o hospital na chuva. Sua condição deve estar piorando.
Quando entrei no restaurante, os funcionários me cumprimentaram alegremente. “O Hoseok está de folga hoje?” Eles disseram que ele estava de licença médica, provavelmente por três semanas, mas eles não tinham certeza. Seu tornozelo piorou. Ele tinha que usar um gesso, e o gerente recomendou que ele tirasse uma folga.
Eu corri diretamente para a casa dele. Eu não pude esperar pelo ônibus, então eu corri pela subida. Estava escaldante aquele dia. Minha costas pingavam suor. Eu disparei pela escada até o seu quarto na cobertura. A maçaneta, esquentada pela luz do sol, estava queimando. Estava trancado. Eu deixei uma mensagem na nossa conversa em grupo. “Onde você está, Hoseok?” No final do dia, ele ainda não tinha respondido.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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25 de Julho, ANO 22 (Hoseok) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
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Hoseok 25 de Julho, ANO 22
Eu me deparei com o Yoongi no meu caminho para a sala de ensaio depois de eu sair do hospital. Eu estava me dirigindo para a sala de ensaio sem perceber e parei. O que eu seria capaz de fazer lá? Meu tornozelo piorou. O gesso leve foi substituído por um molde de gesso de verdade. O médico me repreendeu. “Você não deveria tensionar o teu tornozelo.” Mas eu não podia me sentar trabalhando na lanchonete. Tinha muita coisa acontecendo na sala de ensaio também. “Você precisa ser extra cuidadoso com o teu tornozelo. Já foi lesionado antes, e ele pode ficar permanentemente danificado a menos que você tome cuidado extra.” O médico ficou dizendo isso repetidamente.
Eu entrei na estrada principal que levava para a minha casa com as minhas muletas. Eu nunca fui para casa tão cedo antes. Eu nunca faltei ao ensaio sem um motivo especial. Fiquei cara a cara com o Yoongi. Ele estava bêbado e cambaleando em uma faixa de pedestre. Ele não me reconheceu quando passou por mim.
Eu virei minha cabeça e fixei meus olhos na placa de ‘Ande’. Dois dias depois da minha visita ao Jungkook no hospital, eu fui à sala de trabalho do Yoongi. Ele não atendeu a minha chamada, então eu fui direto para a sua sala de trabalho. Deve ter sido de manhã porque foi antes de eu ir para o Two Star Burger. Eu bati na porta, mas ninguém respondeu. Som fraco de música fluía pela porta. Eu pensei em ligar para ele de novo, mas desisti. Eu chutei a porta em vez disso.
Eu conhecia o Yoongi desde o ensino fundamental. Eu sabia como sua mãe morreu, como a morte dela o impactou, e como ele sofreu depois. Eu tentei ser um amigo reconfortante e confiável para ele. Eu ri de suas palavras rudes e levei ele por aí apesar dele achar que eu era irritante. Mas não éramos importantes para ele. Nós pensamos que pelo menos o Jungkook era diferente. Ele com certeza sabia o que ele significava para o Jungkook. Ele já ficou sabendo do acidente do Jungkook pelo Jimin. Mas ele não foi ao hospital. O pior, uma mulher que se dizia sua parceira de música veio até mim do nada alguns dias atrás. Ela me disse que me encontrou depois de perguntar por aí para todo mundo. Ela disse que não conseguia entrar em contato com ele.
A placa de ‘Ande’ ficou verde. Eu comecei a atravessar a faixa de pedestre, cambaleando. Eu olhei para trás enquanto acelerava meus passos. Eu tentei não olhar, mas não pude evitar. Yoongi estava deitado na rua na frente de um carrinho que vendia acessórios. O vendedor gritava para ele porque os transeuntes franziam a cara.
“Quando você vai parar de fazer isso?” Ele me olhou inexpressivamente. “Você acha que você é o único passando por momentos difíceis? Você acha que eu sorrio na frente dos outros porque a minha vida é um mar de rosas? Me diz. Com o que você está tão chateado? Todo mundo sabe que você é bom em música, e eles todos aguentam você de boa vontade mesmo quando você age assim. Sim, você deve ter sofrido desde que tua mãe morreu. Eu sei. Mas você não pode continuar assim para sempre. Você não vai fazer música? Você pode viver sem ela? Você não ficou feliz, pelo menos uma vez, por causa da música? Por quê você não foi ver o Jungkook? Você não sabe o que você significa para ele? Você não vê que todos nós estamos sofrendo também? Você não vê isso?”
Eu não queria pressioná-lo tanto, mas eu estava realmente chateado. Não era completamente por causa dele. Eu estava chateado que eu estava de muletas. Lesões eram inevitáveis, mas também fatais para dançarinos. Eu pensei que eu estava vigilante, mas eu me machuquei em um momento inesperado. Foi minha culpa. Ninguém mais podia ser culpado por isso. Eu sabia que eu ficaria nervoso e consciente do meu tornozelo toda vez que eu dançasse, e isso me deixaria desanimado. Ou então, eu me machucaria de novo. E ainda assim eu não conseguia escapar. Eu não podia viver sem a dança. Eu tinha que continuar dançando apesar de estar desanimado e lesionado.
“É hora de parar de fugir. Se você vai fugir, nunca mais volte.”
Eu me virei e atravessei a rua. “Hoseok.” Pensei ter ouvido ele me chamar mas não olhei para trás. Eu sempre me culpei por tudo o que deu errado. Eu sempre pensei que eu deveria ter feito isso ou suportado aquilo. Eu não queria mais viver assim.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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24 de Julho, ANO 22 (Taehyung) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘After Returning From The Sea’]
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Taehyung 24 de Julho, ANO 22
Eu disparei pela escada, subindo três e quatro degraus por vez. Garrafas de licor estavam rolando ao redor aqui e ali, e copos e pratos estavam espalhados pelo chão. Meu pai estava caído no chão em um canto com sua cabeça curvada. Minha irmã disse que não era o que eu estava pensando antes mesmo de eu abrir a boca. “A voz do pai estava um pouco alta, e alguém deve ter chamado a policia, pensando que ele estava batendo na gente.”
Então os policiais surgiram à vista. As mulheres da vizinhança que estavam reunidas na frente da nossa porta estalaram suas línguas e se afastaram. Minha irmã continuou se desculpando e se curvando para os policiais. “Nada foi quebrado e ninguém se machucou.” Eu não precisava ter vergonha desta situação. O hábito de beber do meu pai tem sido fofoca da vizinhança há tempos, mas eu desviava o olhar. Parecia que o pai tinha dormido. Seu rosto estava queimado pelo sol e coberto com uma barba espessa porque ele trabalhava como operário diurno em um canteiro de obras. Ele tinha mais cabelo grisalho do que antes. Eu podia ver o interior aquoso de sua boca e língua.
Eu costumava matar meu pai nos meus sonhos. Uma vez eu quase o apunhalei na realidade. Talvez tenha começado a partir daquele momento. Eu comecei a simpatizar com ele. Eu me odiava por simpatizar com ele. Essa pessoa podia ser chamada de pai? Ele não estava qualificado para ser um.
Alguém cutucou o meu ombro, eu olhei para trás e vi um rosto familiar. Ele era um policial que tinha sido despachado para minha casa algumas vezes. Eu também tinha o visto na delegacia de policia várias vezes quando eu era acionado por grafitar. Eu curvei minha cabeça para baixo. Era um gesto para dizer ‘Me desculpem por fazê-los se apressarem até aqui por nada’, mas eu também estava incerto de qual olhar colocar em meu rosto. “Seus vizinhos devem estar bastante preocupados com vocês. A mulher que reportou esse incidente não soou nem um pouco irritada e pediu repetidamente para nós virmos rapidamente antes que alguém se machucasse. Tenha certeza de procurar ela e a agradecer mais tarde.” Eu perguntei a ele se a voz dessa mulher era grave e rouca. Ele não conseguiu se lembrar mas podia ser. Minha irmã, que estava falando com outro policial, virou sua cabeça para mim.
“Você mantém contato com a mãe?” Eu perguntei a ela depois que todos saíram. Ela estava limpando as garrafas e pratos espalhados pelo chão, e eu estava sentando contra a parede. O pai ainda estava dormindo naquela posição desconfortável. O sol já tinha se posto, e a janela longa acima da cabeça do pai estava totalmente escura.
Minha irmã se levantou e sentou na mesa de jantar. Ela não disse uma palavra, mas seu silêncio mais do que respondeu minha pergunta. Eu pedi a ela pelo endereço e telefone da mãe. “Eu não sei o número dela. Eu só sei que ela vive em um apartamento alugado em Buk-gu, Munhyeon. Taehyung, por que você quer contatar ela?” Ela perguntou. “Para perguntar a ela. O que ela estava pensando. Porque ela partiu. Porque ela apareceu de novo.” Minha irmã sentou ao meu lado. “Taehyung, a mãe sente sua falta.”
Eu bufei e levantei. Ela claramente não percebeu o quão furioso eu estava. Eu disse a ela que eu estava indo fazer essas perguntas para a mãe, mas eu não estava particularmente curioso pelas respostas. Como isso me ajudaria mesmo se eu soubesse o porque ela partiu? Eu só queria liberar o meu ressentimento. “Por que ela veio aqui? Foi ela quem abandonou a gente. E agora ela quer bancar a figura materna?”
Eu comecei a andar para o norte, na direção de Munhyeon. Eu queria andar mais rápido do que o meu coração latejante. Esse era o único modo de eu ser capaz de continuar respirando. Já passava da meia noite. Os ônibus tinham parado de circular e eu não tinha dinheiro para um táxi. Andar era a minha única opção. Para chegar lá, eu tinha que atravessar a ferrovia, uma ponte e passar pelo centro. Eu devo ser capaz de chegar lá antes do sol nascer. Eu senti os passos de alguém atrás de mim quando eu estava atravessando a ferrovia. Jungkook estava me seguindo. Eu tinha me esquecido completamente que o Jungkook estava comigo quando eu corri para minha casa quando vi o carro da policia na frente.
“Vá embora!” Eu gritei para o Jungkook e continuei andando sem olhar para trás. Ele deve ter visto tudo. A policia, os vizinhos estalando suas línguas, garrafas de licor rolando, meu pai roncando, e minha irmã com sua cabeça curvada. Jungkook deve ter visto tudo. Eu nunca disse a ninguém sobre a violência do meu pai. Nunca. Eu nunca disse aos outros que minha mãe fugiu. Não era por causa do meu orgulho. Talvez era. É só que não parecia justo que eu deveria ter que explicar minha situação e vida miserável sozinho.
Acelerei o meu ritmo. Eu finalmente tinha saído da área residencial e subido as escadas de uma passarela de pedestres acima da ferrovia quando eu ouvi passos atrás de mim. Eu dei uma olhada rápida e vi o Jungkook. Eu ia gritar porque ele ainda estava me seguindo mas mudei de ideia. Não era da minha conta. Eu pisei na ponte depois de descer da ferrovia. Jungkook ainda estava me seguindo de longe. Eu parei no meio da ponte e olhei para o rio.
Na calada da noite, estradas e prédios estavam vagamente iluminados pelos postes de luz, mas o rio não. O rio preto azeviche corria ferozmente sob meus pés em um rugido. Soava mais ameaçador porque não era discernível no escuro. Jungkook também parou atrás de mim e olhou para o rio. Havia só nós dois na ponte. Sem pedestres e sem carros. Nossas camisetas estavam molhadas com suor e ondulavam ao vento.
“Você sabe que estamos andando há uma hora?” Eu acenei para o Jungkook, e ele se aproximou. Começamos a caminhar lado a lado. “Posso perguntar para onde estamos indo?” Eu disse a ele que eu estava indo na minha mãe. Eu tinha algo para dizer a ela. Jungkook assentiu com a cabeça. Meu ritmo estava ficando mais lento. De repente me perguntei se eu estava realmente indo na minha mãe. Eu não sabia exatamente onde ela estava morando. Eu não sabia o seu número ou endereço. Eu não tinha nenhum plano para depois de chegar no apartamento. Minha raiva tinha diminuído em apenas uma hora e foi substituída por fome e dor.
Eu imaginei como o nosso encontro seria. Na verdade, eu já tinha o imaginado inúmeras vezes. Era o próximo passo que não estava claro. Depois de perguntar a minha mãe as minhas perguntas, o que ela diria? Ela responderia todas? Se sim, ou se não, como eu deveria reagir? Talvez fosse melhor para todos nós se eu não a encontrasse. Essa sempre foi a minha conclusão. Mas eu continuava imaginando o momento e agora estava caminhando pela rua à noite desse jeito, sem nenhum plano, para ver a minha mãe.
“Sua perna está bem?” Pensando bem, Jungkook acabou de receber alta. E eu o fiz andar por horas. “O médico disse que eu deveria caminhar bastante como reabilitação.” Jungkook me mostrou um sorriso e me ultrapassou como se ele estivesse tentando provar isso. Eu não consegui falar que deveríamos parar aqui. Eu decidi caminhar lentamente. “Você não está com fome?” Conforme eu relaxava, todos os meus sentidos voltaram clamando. “Eu me arrependo de não ter terminado o bolo e o hambúrguer.” Eu ri com as palavras do Jungkook. Seres humanos são tão absurdamente fortes, ou tão absurdamente fracos, e nós éramos a prova – se sentindo famintos, reclamando que nossas pernas doíam, e rindo juntos mesmo nessa situação.
As luzes ficaram mais brilhantes e exuberantes, e uma rua agitada logo apareceu diante de nós. Era tarde da noite, mas a rua iluminada vivamente estava lotada de pessoas e carros passando. Era três e meia da madrugada. Sentamos em uma mesa ao livre de uma loja de conveniência.
Jungkook disse que ele estava com sede quando estávamos na metade do nosso macarrão instantâneo. Eu entrei na loja para comprar bebidas. Quando voltei, alguém estava de pé na frente do Jungkook. Ele tinha suas costas virada para mim, então eu não podia dizer quem ele era ou o que ele estava fazendo. Jungkook estava olhando para ele com um rosto apreensivo. Eu corri para o lado do Jungkook e olhei para o homem.
O homem estava usando um sobretudo cáqui escuro no meio do verão. Ele tinha cabelo grisalho espesso e sujo, e sua barba desgrenhada estava manchada com caldo de lámen. Ele fedia a álcool. Ele estava devorando o meu macarrão instantâneo gulosamente. Não faria diferença perguntar para ele quem ele era ou porque ele estava comendo meu macarrão. Eu estava surpreso, mas não com raiva. Na verdade, eu estava com medo.
Naquele momento, alguém de um grupo de encrenqueiros saindo da loja de conveniência empurrou o ombro do homem, e outro deu uma rasteira nele. O homem de sobretudo perdeu seu equilíbrio e empurrou a mesa enquanto caia. O macarrão instantâneo do Jungkook tombou e o caldo espirrou tudo em suas pernas. Jungkook deu um pulo e esfregou o caldo apressadamente de suas calças. Ele disse que estava bem e que não se queimou já que o caldo já tinha esfriado.
O grupo de encrenqueiros estava se afastando, rindo. O homem de sobretudo sujo estava olhando para o copo derrubado. Seus dedos estavam na mesa e cobertos de macarrão. Eu não consegui me fazer perguntar se ele estava bem. “Vocês não deveriam se desculpar? Vocês acabaram de fazer essa bagunça.” Eu gritei para os homens. Eles olharam para trás. “Não, não fizemos. Ele fez. E ninguém disse para você se sentar ai. Vagabundos estão por ai a essa hora.” Os homens xingaram inarticuladamente.
O homem de sobretudo sujo olhou para mim. Nosso olhos se encontraram. Ele tinha olhos amarelados e um rosto coberto de marcas de idade. Ele me lembrava alguém. Alguém que estava sempre bêbado, balançando seus punhos para tudo, e vivendo como um ditador e um perdedor.
O que eu esperava acontecer aconteceu. Eu me arremessei nos homens, e dois do grupo me deram socos. Eu desviei do primeiro soco, mas o segundo passou de raspão no meu queixo. Jungkook se meteu no meio para me parar mas foi pego na briga também. As mesas e cadeiras de plástico foram viradas, e a placa ‘Estacionamento Proibido’ foi chutada. O funcionário da loja de conveniência já tinha chamado a policia, como se já fosse acostumado com essas brigas. Pudemos ouvir a sirene um minuto depois. Nós todos demos um pulo e corremos em direções opostas, gritando uns para os outros que eram sortudos de terem escapado dessa vez.
Eu era particularmente bom em fugir. Às vezes eu era pego de propósito, mas agora não era uma dessas vezes. Eu continuei a liderar o caminho, checando se o Jungkook estava acompanhando. Um carro prateado passou por nós a toda velocidade. O espelho lateral passou de raspão no Jungkook. Atordoado, ele caiu. Ele tinha acabado de receber alta do hospital depois de dois meses por causa de um acidente de carro. Era natural ele estar atordoado. O carro parou bruscamente, e um dos homens que bateu na gente mais cedo colocou sua cabeça para fora da janela de passageiro. “Se liga. Estamos deixando vocês irem só dessa vez. Não vai ter misericórdia da próxima.” E o carro desapareceu com o rugir do motor.
Jungkook se levantou lentamente, segurando em meu braço. Ele parecia desconfortável. Ele deve ter machucado sua perna quando caiu. O interior da minha boca latejava. Sangue manchou as costas da minha mão quando eu limpei minha boca com ela. “Onde devemos ir?” Jungkook perguntou. “Com essa perna? Estamos voltando.” Jungkook começou a andar, dizendo que ele estava bem. “Olha! Eu estou bem.” Eu fiquei parado e observei o Jungkook arrastar uma perna.
“Vamos voltar!” Eu gritei para o Jungkook. Olhei o meu celular. Era quatro e cinquenta da madrugada. Ainda tínhamos algum tempo para matar até o primeiro ônibus vir. Eu olhei ao redor e encontrei uma colina baixa atrás do distrito do entretenimento. “Você já viu o nascer do sol?”
Eu apoiei o Jungkook enquanto subíamos pela colina. Sentei nas escadas no final da encosta suave. Dizem que o céu é mais escuro logo antes do sol nascer, e era verdade. Nenhuma estrela era visível no céu escuro como breu. Mas letreiros de neon de diferentes formatos e cores estavam radiando luzes brilhantes na cidade abaixo. Eu virei meus olhos para o norte. Eu adivinhei mais ou menos a vizinhança que a minha mãe deve estar morando. Lá, deve ser lá. Ela deve estar comendo, dormindo, e limpando aquele apartamento.
“Jungkook, eu segui a minha mãe na época.” Jungkook olhou para mim. Eu fixei os meus olhos nas luzes fluindo das janelas do condomínio. Na época. Aquela noite. Aquela noite dez anos atrás quando minha mãe foi embora de casa. Aquela noite quando minha mãe, minha irmã e eu fomos espancados pelo meu pai e choramos até dormir. Eu não conseguia me lembrar porque ele bateu tanto na gente. Mas eu me lembro nitidamente de pensar ‘eu devo ir nadar com meu amigos amanhã, e eu acho que a mamãe não vai poder fazer meu lanche. Meus lábios machucados vão sarar até amanhã? Se não, eles vão tirar sarro de mim. Meus ombros doem. Eu não deveria ter tentado virar para desviar dos socos dele. Minha irmã está chorando silenciosamente. Foi ainda mais angustiante ouvir isso hoje.’
Meio adormecido, eu tive um vislumbre da minha mãe parada em nossos pés e olhando para nós. Ela estava indo embora. Ela estava nos abandonando. Eu sabia instantaneamente. Eu fingi estar dormindo, levantei, e a segui. Eu não tinha nenhum plano. Eu não estava pensando em ir embora com ela. Eu não senti amargor ou medo. Como seria não ter mãe, como seria viver sem uma – não era algo que você podia simplesmente entender.
Eu a segui por algum tempo. Na minha memória, eu andei a noite toda. Mas minha memória deve ter exagerado já que eu era uma criancinha na época. Ela não olhou para trás. Nem uma vez. Ela realmente não sabia que eu estava seguindo ela? Talvez ela estava lutando para olhar para frente com medo de ter que me levar com ela se ela olhasse para trás. “Claro, esse pensamento me veio depois. Quando eu lutava para entender ela. Agora? Eu não sei porque vim tão longe.”
“Ei.” Eu olhei para cima ao ouvir a voz do Jungkook. “Me desculpe.” Eu olhei para ele. “Pelo que você está se desculpando? Por quê você está se desculpando?” “Você não pode ir ver a tua mãe por minha causa.” Jungkook respondeu. “Você é idiota?” Eu me exaltei. Eu não pretendia perder a cabeça. Mas minha voz ficou mais alta por conta própria. Minha língua continuava a tropeçar já que eu não era bom em falar e não sabia como expressar os meus sentimentos. “Por que você está se desculpando? As pessoas deveriam se desculpar para você. O que você fez de errado? Eu deveria me desculpar por trazer você aqui. Meus pais, que me fizeram trazer você aqui, deveriam se desculpar. Aqueles caras que começaram a briga deveriam se desculpar.” Eu continuei a levantar a minha voz. “Você é uma boa pessoa. Você é tão bom quanto pode ser. Não é tua culpa. Não é tua culpa!”
O céu, que parecia ter ficado escuro para sempre, começou a ficar azulado em um instante. A luz que permeava o céu da extremidade mais distante sugou o vislumbre dos letreiros de neon. Nós assistimos o sol nascer sem dizer nada. O grande e quente sol vermelho surgiu acima do condomínio. A mãe está assistindo o nascer do sol também?
Nós dois sentamos atrás do ônibus ao lado um do outro no caminho para casa. Foi antes do alvorecer romper acima de nós. A estrada estava vazia, e o ônibus continuava a andar. Eu virei a minha cabeça e olhei em direção ao norte novamente. Aquela noite. A mãe parou de andar. Ela ficou imóvel por algum tempo. Ela não olhou para trás também. Se eu tivesse continuado adiante naquele momento, eu teria alcançado ela. Eu poderia ter segurado em sua mão e perguntado onde ela estava indo, onde ela estava se dirigindo apesar de estar nos deixando para trás, e quando ela estava voltando. Eu poderia ter chorado, feito birra, e talvez arrastado ela de volta para casa. Mas eu só me virei e voltei para casa sozinho. Meu corpo inteiro doía e eu não podia ir nadar com os outros. Eu me deitei no chão, suando e tentei dormir. Eu não sabia porque.
“É aquele homem de novo.” Ao ouvir a voz do Jungkook, eu olhei para fora da janela. Um homem curvado em um sobretudo cáqui estava andando sozinho.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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13 de Junho, ANO 22 (Taehyung) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘After Returning From The Sea’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
Esta nota está presente no livro 花樣年華 THE NOTES 1, no capítulo After Returning From The Sea
Taehyung 13 de Junho, ANO 22
“Como o Jungkook está?”
Isso foi tudo o que eu consegui dizer. Eu terminei meu turno na loja de conveniência, fui para a rua e vi poças aqui e ali. Tinha chovido algumas horas atrás. Eu tinha notado a chuva quando virei minha cabeça para olhar para a porta de vidro quando um dos clientes comprou um guarda-chuva. Meu rosto estava refletido para mim na poça. Meus olhos cheios de lágrimas e minha garganta sufocada.
Hoseok disse que ele estava com o Jungkook e que ele parecia melhor do que ele pensou. Eu desfaleci. “Eu estou bem.” Hoseok deve ter dado o seu celular para o Jungkook. Parecia que ele estava fingindo estar bem. “E você?” “Se preocupe com você mesmo.” Minha resposta foi seca sem eu querer. Jungkook riu timidamente. “Eu vou ai agora.”
Eu não pude manter a minha palavra. Eu cheguei no hospital em um instante, corri para as escadas porque eu não consegui esperar pelo elevador, e disparei pelo corredor. Eu estava prestes a entrar no quarto do Jungkook, mas eu congelei. Eu podia ouvir vozes pela fissura da porta. Era o Namjoon. Seokjin estava lá também. Eu recuei sem perceber.
“Eu sou sempre o mesmo.” Namjoon disse. De fato, ele era. Ele só continuava com a sua vida. Eu sentei em um banco no corredor. Pessoas com uniforme de paciente passavam, e algumas estavam chorando. Se alguém perguntasse, eu deveria ter respondido o mesmo. Que eu era sempre o mesmo. Essa era a verdade. Eu só ia e vinha entre minha casa e a loja de conveniência. Meu pai ainda estava bebendo e causando problemas de tempos em tempos. A luz ainda estava fraca e o ralo entupia com frequência.
Houve uma mudança. O pesadelo tinha parado. O pesadelo do Yoongi morrendo, Jungkook caindo, e o Hoseok em um frenesi de desespero. Pensando bem, o pesadelo deve ter parado depois da noite que brigamos na praia. Foi substituído por um outro sonho. Lágrimas escorriam pelo rosto do Seokjin. Pétalas de flor azul rolavam no asfalto à noite, pisoteadas, e tingidas com o sangue de alguém.
Eu virei meus passos. O elevador estava chegando do segundo andar. Eu olhei para o quarto de paciente. Eu não estava pronto para me encontrar com o Seokjin e o Namjoon ainda.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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30 de Agosto, ANO 22 (Yoongi) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
Esta nota está presente no livro 花樣年華 THE NOTES 1, no capítulo The Direction Where the Sun Rises
Yoongi 30 de Agosto, ANO 22
Eu desci do ônibus e caminhei ao longo da ferrovia. Contêineres surgiram à distância. Eu vi o Taehyung pela janela do ônibus no caminho para cá. Ele também estava andando na direção dos contêineres. Os outros devem estar vindo também.
Eu terminei a música vários dias atrás. Eu mudei a versão que enviei ao Hoseok mais algumas vezes. Dei a ela o título de “Esperança”. Sendo sincero, o título não combina com a música na verdade. Continha o meu medo, minha covardia, e inferioridade. Continha todos os momentos que eu tentei evitar, fugir e pelos quais me repreendi. Mas eu não conseguia pensar em nenhuma outra palavra que pudesse abranger tudo isso.
O contêiner do Namjoon apareceu. Alguém estava parado na frente. Seu rosto não estava visível mas, baseado no seu físico, era o Jimin. Eu parei e olhei ao redor quando alguém me chamou pelas costas. Aquele alguém estava acenando para mim na frente do primeiro contêiner.
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linguagem-bangtan · 4 years ago
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29 de Agosto, ANO 22 (Taehyung) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
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Taehyung 29 de Agosto, ANO 22
Foi ideia do Hoseok nos reunirmos para ver os fogos de artificio. Depois do seu retorno, nossa conversa em grupo começou a vibrar e tocar novamente. Nós dissemos a ele o quanto sentimos a sua falta de maneira reprovadora e acolhedora, e Hoseok respondeu brincando que nós deveríamos ter percebido a importância da sua existência mais cedo.
“Certifiquem-se de vir para ver os fogos de artificio.” Todos nós concordamos. Namjoon chegaria mais tarde depois do seu turno no seu trabalho de meio período, e o Seokjin também prometeu vir, no entanto tarde, depois de seu compromisso. Eu me lembrei do meu sonho quando vi a mensagem. Uma mulher morrendo em um acidente e o Seokjin assistindo. Aquele sonho terminava com fogos de artificio. Pétalas brancas em chamas caindo do céu.
Eu balancei minha cabeça para descartar esses pensamentos. O local do nosso encontro era o contêiner do Namjoon. Às vezes eu caminhava na direção dele quando eu não conseguia dormir de noite ou quando meu pai ficava bêbado e causava problemas. Eu não andava até a porta ou ficava por muito tempo como eu costumava. Eu só dava meia volta quando eu passava da estação de trem para ter um vislumbre do contêiner.
Mas o contêiner estava aceso toda vez. Eu não tinha percebido o quão estranho isso era até recentemente. Estava sempre aceso. Mesmo quando ele devia estar dormindo. Eu percebi que isso era um sinal para nós entrarmos a qualquer hora. Não tinha como eu saber. Era só uma suposição. Mas eu estava convencido. Ainda assim, eu não conseguia bater na porta e entrar porque eu não sabia o que dizer.
A exibição dos fogos é amanhã. Eu conseguirei chegar a tempo se eu sair assim que eu terminar o meu turno.
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13 de Agosto, ANO 22 (Hoseok) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
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Hoseok 13 de Agosto, ANO 22
Eu apareci na sala de ensaio do Just Dance pela primeira vez depois de um tempo. Eu fui recebido pelo som da batida da música, o ar cheirando a suor, e a sala cheia de adrenalina. Meu coração tremulava toda vez que eu vinha aqui. Depois de uma rodada de saudações barulhentas dos membros, eu sentei encostado na parede e assisti eles ensaiarem. Quando eu seria capaz de dançar novamente? Eu estava impaciente e empolgado. Eu pensei na dança do homem. Eu serei capaz de dançar como ele um dia? Naquele momento, alguém se aproximou e sentou ao meu lado.
Era a garota. Ela bateu no meu ombro, sorrindo e disse, “Onde você esteve? Você estava se divertindo sozinho?” Nós dois no espelho estávamos sentados lado a lado encostados na parede. “Como você tem estado?” Ela me fez uma expressão que pareceu me repreender pela pergunta retórica. Eu continuei, me olhando no espelho. “Eu já te contei sobre a minha mãe?” Eu devo ter repetido isso centenas de vezes. Mas ela sempre ouvia a minha história entusiasticamente. “Ela deve estar vivendo feliz em algum lugar, não é? Então eu estou bem. Mesmo se nós nunca nos encontrarmos de novo, estará tudo bem se ambos estivermos felizes.”
Ela me olhou. “E eu pensei que você parecia com a minha mãe. Mas não parece. Eu estive ocupado resolvendo isto.” Ela pareceu confusa. Eu ri e continuei a falar.
“Então, quando você parte? Não, não era isso que eu ia dizer. Parabéns. Era o teu sonho.” Ela curvou sua cabeça e a levantou novamente. “Me desculpa. Eu deveria ter contado a você primeiro.” “Se você está arrependida, me compra comida. Eu vou dar uma festa de despedida muito legal para você.”
Eu dei um sorriso deliberadamente grande e fiz um escândalo. “Vamos nos encontrar novamente um dia como dançarinos famosos. Trabalhe duro. Porque eu não vou deixar você me superar.” Ela acenou com a cabeça. Nós dois no espelho sentados um ao lado do outro encostados na parede.
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12 de Agosto, ANO 22 (Hoseok) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
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Hoseok 12 de Agosto, ANO 22
Alguém empurrou o meu ombro quando sai do trem. Eu derrubei a passagem que eu estava segurando. Ela caiu na ferrovia e deslizou para dentro de uma das rachaduras. Eu olhei ao redor. Era meio do verão quando eu parti e ainda era verão agora. O trem partiu para a próxima estação, levantando poeira.
No final do mês passado, eu sai de Songju de trem nesta plataforma. Eu observei a cidade retrocedendo pela janela. Desde que eu consigo me lembrar, eu vivi em Songju. Eu nunca tinha saído da cidade e nunca imaginei viver em outro lugar. Eu ia para a lanchonete e para a sala de ensaio no horário. Depois de dançar por horas, eu ia para casa e desabava. Embora a cidade fosse pequena, em Songju eu tinha um lugar onde eu precisava ir, um lugar onde eu precisava estar.
Depois que meu tornozelo foi ferido, minha rotina diária se desfez. Eu ia para o trabalho e para a sala de ensaio usando um gesso leve. A condição do meu tornozelo piorou. Com um gesso completo, eu tive que tirar licença médica. Eu tinha três semanas inteiras cheias de nada. Três semanas sem trabalho, sem dança, e lugar nenhum para estar.
Eu consegui sobreviver a manhã do primeiro dia. A chuva que caiu a noite toda parou ao amanhecer. Eu limpei a casa e organizei minhas roupas. Cortei meu cabelo e limpei a água da chuva do banco da frente da minha casa. Mas eu fiquei sem coisas para fazer de tarde. Meu celular não tocava. Algumas mensagens dos meus colegas de trabalho e dos membros do Just Dance foram tudo o que recebi. Entretanto, nenhuma ligação ou mensagem dos outros. Pensando bem, eu sempre fui o que contatava os outros primeiro. Eu deixei o meu celular de lado. Eu não queria contatá-los primeiro desta vez. E se nenhum deles mandar mensagem? Que seja. Eu me lembrei de como encontrei o Yoongi na noite anterior. O que eu desabafei se repetiu na minha cabeça. Eu me levantei em um pulo e gritei para o ar, “Ele não vai se lembrar de qualquer modo.”
O caminho para casa parecia mais distante do que o normal depois que eu deixei o Yoongi lá. Eu tinha que subir a ladeira em muletas. Embora o sol tivesse se posto, o ar estava abafado. Também estava úmido. Eu estava encharcado de suor quando cheguei em casa. Eu não estava arrependido do que eu disse para o Yoongi. Era hora dele parar de se entregar à auto-piedade. Mas aquele momento e aquelas palavras ficavam voltando para mim.
No terraço, eu podia olhar para a cidade sem mim. O trem estava passando pelo centro da cidade e desapareceu ao virar na curva do pé da montanha. Eu joguei minha roupas em uma bolsa descuidadamente e me dirigi à estação. Eu procurei pela lista de cidades na frente da bilheteria e escolhi a maior cidade nas proximidades. Eu pensei que seria melhor me mudar para uma cidade grande. E assim, eu sai de Songju.
Eu sai do trem depois de duas horas. Assim que sai da estação, eu me deparei com um cruzamento movimentado. Fileiras de aranha-céus e pessoas ocupadas andando sob o sol radiante surgiram à vista. Eu peguei o primeiro ônibus que parou na minha frente.
“Onde eu deveria descer?” O motorista olhou para mim como se eu tivesse falado besteira. Um passageiro que pergunta sua própria destinação? Sim, eu devo ter soado estúpido. Depois de cerca de vinte minutos, o ônibus chegou em uma vizinhança que parecia como uma parte velha da cidade. Eu coloquei a minha bolsa em um pequeno quarto anexo a um mercado que tinha uma placa de ‘Casa de Hóspedes’. Fui para fora. Eu não sabia dizer qual direção era qual.
Eu perambulei pela vizinhança nos dois primeiros dias. Não havia arranha-céus e distrito comercial iluminado. Era parecida com a minha vizinhança onde o meu quarto no terraço na ladeira se encontrava. Eu escolhi deixar Songju pela primeira vez na minha vida e vim para outra Songju. Talvez era por isso. Eu tentei não pensar na cidade e nas pessoas que eu deixei para trás, mas eu perdi o controle. Eu liguei o meu celular e pensei nos outros. Eu posso ter deixado Songju, mas a minha mente ainda estava lá.
No terceiro dia, eu decidi me aventurar mais. Mas em menos de vinte minutos depois de eu deixar o mercado, meus ombros começaram a enrijecer por causa das muletas debaixo deles. Suor escorria pelas minhas costas sob o sol escaldante. Um prédio de tijolos vermelhos surgiu à vista. Era o Auditório dos Cidadãos. Enquanto eu estava apertando o botão da máquina de vendas, a porta do auditório se abriu e várias pessoas saíram. O som da música fluiu pela porta aberta. Eu podia ver um homem se alongando em um canto do palco com os holofotes iluminando sua cabeça.
Eu estava me dirigindo para o auditório antes que eu soubesse. Quando fechei a porta atrás de mim, eu fui deixado sozinho na escuridão e com a música. Eu me sentei na poltrona mais próxima. O som da música fluía pelo ar como ondas. O homem no palco se movia lentamente e alongava suas pernas, tornozelos, braços, pescoço, e ombros. Seu alongamento, que durou por um tempo, parecia como parte de uma coreografia em si. Então, a música parou. O homem que estava sentado no chão se levantou e andou até o centro do palco. O palco ficou imerso em silêncio por um tempo.
A música começou novamente. Desta vez, em torrentes. O homem acelerava e relaxava seus movimentos com a música. Seus braços e pernas formavam não apenas linhas retas e curvas, mas formas tridimensionais. Um movimento levava a outro por meio de seus passos e gestos dinâmicos. Seus movimentos estavam criando uma história que parecia não ter fim. Ele empurrava para o lado o ar com as suas mãos e transmitia reverberações através do chão, as quais emitiam picos de adrenalina não para os meus olhos, mas para a minha mente.
O tom da música ficou mais e mais grave e levou o homem a uma maior explosão de emoção. Ele rugiu de raiva com toda a sua força, prendeu sua respiração, e olhou para algo distante. Seu sofrimento, esperança, alegria e medo eram expressados sem filtros. Sentimentos que eu nunca experimentei antes jorraram e rodopiaram dentro de mim.
Eu não sabia quanto tempo passou. A luz do auditório estava ligada. Eu só fiquei sentado imóvel. Alguém se aproximou de mim e pediu para eu sair porque os dançarinos estavam ensaiando. Estranhos não eram permitidos ficar. O pôster da performance da Acadêmia de Dança estava pendurado na entrada do Auditório dos Cidadãos. O homem no palco não estava presente nele. A performance estava programada para acontecer depois de amanhã.
Eu voltei para a casa de hóspedes e deitei no banco do quintal. Fechei meus olhos e pensei naquelas horas no auditório. Foi a primeira vez que vi uma performance de verdade pessoalmente. Era uma experiência totalmente diferente do que eu tinha visto pela pequena janela do Youtube. Eu posso ter ficado ainda mais pasmo porque era vívido. Eu retracei cada movimento e gesto que fez o meu coração bater forte.
Naquele momento, meu celular vibrou no meu bolso. “Onde você está, Hoseok?” Era uma mensagem do Jimin. O número próximo a mensagem diminuiu gradualmente, mas nenhuma outra mensagem foi enviada depois. O que eu deveria dizer? Eu sempre me expliquei meio de brincadeira, mas desta vez eu não queria. Era a primeira vez que eu não respondi uma mensagem dirigida a mim. Nossa conversa em grupo caiu no silêncio.
Eu fui ao auditório na mesma hora no dia seguinte. Eu em escondi na escuridão e assisti os movimentos do homem. Era a mesma performance, mas ela transmitiu uma história e emoções diferentes. Quem era ele? Como ele conseguia expressar e transmitir todos esses sentimentos assim? O ensaio terminou. Quando eu fui para o corredor, eu encontrei os olhos do homem enquanto ele conversava com os membros da equipe bem à frente. Eu me curvei sem perceber. Um membro da equipe veio até mim e disse, “Ah, você é o cara de ontem.”
A performance aconteceu no dia seguinte. Mas o homem não estava nela. A performance, que tinha quatro capítulos, não o incluía. O show continuou por mais de uma hora, e eu aplaudi e gritei várias vezes do meu assento. Mas foi isso. Eu não pude reviver aquele momento impressionante que esquentou o meu coração e congelou o meu corpo. Nada disso podia se comparar aos seus incríveis movimentos. Por quê ele não se juntou a performance? Eu andei pelo palco depois da performance, mas havia somente membros da equipe e dançarinos se arrumando.
Eu me deparei com a equipe da performance novamente na estação de trem. Eu estava indo na plataforma para partir para outra cidade e vi um grupo de pessoas reunidas à distância. Eles estavam claramente tendo problemas para carregar os cenários de palco e equipamentos de todos os tamanhos no trem. Eu não tinha um propósito definido quando fui até eles e os ajudei. É que eles pareciam confusos e inexperientes e eu era acostumado a arrumar e mover coisas. Meu gesso atrapalhou, mas eu fui melhor do que a maioria deles que só estavam olhando afobados. “Você é aquele cara de novo.” Eu olhei ao redor e encontrei aquele membro da equipe.
“Eu nem mesmo te agradeci apropriadamente.” O membro da equipe veio até o meu assento um pouco depois do trem partir. Ele sentou no banco ao lado e disse que cerca da metade da equipe tinha saído porque as coisas ficaram complicadas. Ele adicionou que eles não teriam conseguido sem a minha ajuda. Ele apontou para o meu gesso e perguntou se não era muita tensão para o meu tornozelo. Eu só balancei a minha mão.
“A propósito, aquele homem que eu vi nos ensaios. Por quê ele não estava na performance?” Ele pareceu confuso de inicio. Então ele acenou com a cabeça. “Ah, ele. Ele é nosso diretor artístico.” A explicação do membro da equipe continuou indefinidamente. Como ele já foi um dançarino aclamado. Como ele sofreu uma lesão terrível . Como ele vivenciou anos de desespero e frustração. “Você sabe qual a parte mais incrível? Ele surpreendeu a todos e voltou como um coreógrafo e diretor.” Mas a lesão deixou um impacto duradouro. Ele não podia mais performar no palco de novo. O membro da equipe deu um suspiro profundo. Estava ficando escuro do lado de fora da janela.
Eu me juntei e fui em turnê com o show por coincidência. Eu os ajudei a descarregar suas bagagens na estação seguinte, e minha bolsa foi trocada no processo. Felizmente, eu tinha o número de um dos membros da equipe. Eu sai na estação seguinte, e voltei para a estação onde eles desceram, e me dirigi para o alojamento deles. Era tarde da noite. Eu fui convidado a passar a noite com a equipe. Eu tomei café da manhã com eles na manhã seguinte e os acompanhei até o Distrito do Centro Cultural,  que era o próximo evento deles.
A proposta da equipe para me juntar e viajar junto com eles deve ter sido feita em parte como uma brincadeira. Eu também me juntei a brincadeira. Naquele momento, o ensaio dele começou. Eu o assisti inexpressivamente. E então eu perguntei a eles. “Eu posso mesmo ir com vocês?”
Eu viajei por volta de três cidades com eles. Nós pegávamos um ônibus ou o trem, descíamos, desfazíamos as malas em um hotel, enchíamos nossas bocas de comida, checávamos o palco no local da performance, voltávamos para o hotel, e íamos para o ônibus ou trem de novo. O homem se alongava e ensaiava todos os dias, não importava onde ele estava. Ele nunca pulou um dia embora ele não fosse performar no palco.
Eu fiz amizade com os membros da equipe e com os dançarinos. A dança deles e a minha eram diferentes, mas nós compartilhávamos a paixão para expressar o que sentíamos através do movimento. Conversamos sobre dança no trem enquanto esperávamos pelo ônibus. Contamos uns aos outros sobre nossos dançarinos favoritos e assistimos seus vídeos juntos.
Eu finalmente consegui falar com ele quando eu estava mostrando a um membro um vídeo do Just Dance ensaiando.
“Você é um dançarino?” Eu olhei ao redor e ele estava parado lá. Eu me levantei, me inclinando ligeiramente. Eu olhei para o homem. Eu não sabia como responder à sua pergunta. Eu estava hesitante em admitir na frente dele que eu também era um dançarino. “Você é um dançarino.” Ele disse, apontando para mim no video. Foi assim que eu falei com ele pela primeira vez. “Por quê você gosta de dançar?” Eu nervosamente enrolei o final da minha frase. “Bom, é...você sabe...” O homem perguntou quando eu comecei a dançar. Eu disse a ele que foi em um show de talentos na escola quando eu tinha por volta de doze anos.
Meus colegas de classe me arrastaram para o palco. Meu corpo começou a se mover automaticamente. Eu fiquei ainda mais animado com os aplausos e gritos da platéia. Eu não conseguia pensar em mais nada. Eu simplesmente me movi espontaneamente. Depois que a música acabou, eu olhei para frente, passando meus dedos no meu cabelo encharcado de suor. Eu senti como se eu tivesse vomitado todos os nódulos que estavam obstruindo o meu coração. Foi revigorante e gratificante. Me levou um longo tempo para perceber o quão emocionante foi, e que aquele sentimento não veio dos aplausos da platéia mas profundamente dentro de mim.
O homem apontou para mim no vídeo e disse que ele gostava dos meus movimentos. “Não é todo dançarino que consegue se mover assim.” Eu me assisti no vídeo. Eu gostava de como eu parecia quando eu dançava. Eu podia voar no ar e me libertar dos olhos e dos padrões do mundo. Nada era importante para mim exceto mover o meu corpo com a música e comunicar os meus sentimentos através dele. Fora do palco, eu estava amarrado a tantas coisas. Eu não podia ficar no ar com meus pés fora do chão. Eu tinha que sorrir e rir mesmo quando eu estava chateado e triste. Eu costumava desmaiar na rua, e tomar remédios que eu não precisava. Havia momentos em que eu podia revelar quem eu realmente era. Momentos em que eu acreditava que eu podia ser feliz de novo. Momentos em que eu podia deixar tudo o que me pesava e voar alto. Momentos em que eu podia alcançar alturas inimagináveis fora do palco. Dançar me deu esses momentos.
“Eu ouvi que você superou uma lesão séria.” O homem me olhou. Eu sabia que eu estava sendo rude, mas eu tinha que perguntar a ele. O homem olhou para o meu gesso e abriu sua boca.
“Altura é importante. Mas também é a profundidade. Você tem que atingir o teu fundo do poço. Você tem que descer até você não conseguir ir mais fundo, até você sentir como se fosse sufocar em seu desespero. Então, você precisa escapar. O que é crucial é descobrir a tua força motriz. Em outras palavras, você tem que encontrar o que te faz ficar firme novamente. Assim que você encontrar, nunca solte. Pode ser uma pessoa ou um desejo. Pode ser mal e nojento. Mas mantenha isso com você.”
Essa foi a nossa primeira e última conversa. A turnê continuou, mas eu não tive outra chance de falar com ele. Eu o assisti ensaiar todos os dias e pensei no que ele disse. Profundamente. Meu desespero mais sombrio. O que me faria ficar firme de novo daquele desespero.
“Você vive em Songju? O diretor é de lá também.” Um membro da equipe me disse isso quando eu estava olhando para um panfleto promocional no saguão da estação de trem. O festival dos fogos de artificio nas margens de Yangjicheon em Songju. 30 de Agosto. Desde que eu consigo me lembrar, eu vi o festival todo ano. Acontecia no final todo verão. Quando eu vivia no orfanato, nós subíamos até o terraço e assistíamos os fogos subirem e se despejarem no céu noturno. Depois que eu sai do orfanato, eu morei no último andar de uma casa multifamiliar no bairro mais alto de Songju. Era o lugar perfeito para assistir aos fogos. Embora fosse um pouco longe da exibição dos fogos, ele proporcionava uma vista ampla e ininterrupta.
“Você mudou de ideia da noite pro dia?” O membro da equipe me perguntou. Foi ele quem sugeriu que eu me juntasse à equipe vários dias atrás. “Nós pensamos que você era confiável e talentoso.” Os outros membros da equipe concordaram entusiasticamente. Alguns até aplaudiram. Eu quase disse sim. Eu me apeguei a eles sem perceber. Fazer turnê era um trabalho árduo, mas eu desfrutava cada momento, mesmo quando eu deitava na cama à noite gemendo e lamentando. Meu tornozelo se curaria gradualmente conforme eu continuasse a trabalhar com eles e montar mais performances. Talvez eu seria capaz de fazer uma audição e ser selecionado como um membro oficial e performar no palco. Talvez eu seria capaz de ser treinado por aquele homem e aprender mais sobre profundidade. Eu comecei a pensar que este poderia ser o lugar onde eu pertenço. O membro da equipe disse para eu pensar nisso, e eu dei a ele a minha resposta na noite passada. Eu agradeci a ele pela sugestão e disse que eu tinha que voltar. “Você tem certeza?” Ele me perguntou de novo. Pegando a minha bolsa, eu respondi, “Eu tenho que ir tirar o meu gesso.”
Eu peguei o trem na trilha oposta. Cheguei na estação de Songju em duas horas. Era emocionante. Eu ainda não fui empurrado para atingir o meu fundo psicológico. Pode nunca acontecer. Mas eu pensei em certos momentos depois da conversa com o homem. ‘Eu nunca mais vou te procurar. Viva sua própria vida. Nunca mais volte.’ Talvez Yoongi tenha atingido o seu fundo do poço aquele dia. “Hoseok.” Eu me virei e andei, e ele chamou por mim. Eu não olhei para trás. Eu o abandonei quando ele estava sufocando em seu próprio desespero. Eu fugi.
“Você está bem?” Eu enviei essa mensagem depois de muita hesitação. A memória daquele dia estava me pesando mais profundamente a cada dia. A mensagem do Jimin ainda estava postada no grupo. “Onde você está, Hoseok?” Eu enviei uma mensagem ao Yoongi em uma conversa privada.
Sua resposta veio na madrugada. Eu acordei, assustado com o meu celular vibrando. O nome do Yoongi apareceu na tela. Ele me enviou um arquivo de música. Eu coloquei os meus fones de ouvido e dei play. Eu ouvi a sua música com meus olhos fechados, deitado na cama. Era linda e diferente de tudo o que ele já fez. Alegria e desespero se cruzavam em meio à tristeza, e um mar azul se agitava além de um deserto. Flores desabrochavam e murchavam, e notas saltavam e caiam de cabeça no minuto seguinte. Ela lembrava o Yoongi.
Eu perguntei a ele qual era o titulo, mas ele respondeu com outra pergunta. “Quando você volta?”
A estação de trem no meio do dia era quieta. Pessoas carregando malas grandes estavam descendo na plataforma para pegar o próximo trem. Elas lembravam a mim no dia em que eu parti. Eu estava vestindo o mesmo que vesti naquele dia e carregando uma bolsa com o mesmo peso. Mas meu tornozelo deve ter sarado. Não era a única coisa que sarou. Eu abri a conversa em grupo no meu celular e enviei uma mensagem. “E aí, meus amigos! Voltei! Como vocês têm passado?”
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25 de Julho, ANO 22 (Yoongi) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘The Direction Where The Sun Rises’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
Esta nota está presente no livro 花樣年華 THE NOTES 1, no capítulo The Direction Where the Sun Rises
Yoongi 25 de Julho, ANO 22
Eu abri meus olhos no meio da noite. Estava chovendo. Xingamentos saíram da minha boca automaticamente enquanto eu me levantava do chão. Fiquei sentado imóvel por um tempo. Meu corpo todo estava encharcado de chuva. Eu me sentia trêmulo e com frio.
“Se você vai fugir de novo, nunca mais volte.” A voz do Hoseok ressoava em meus ouvidos. Tudo o que eu conseguia lembrar depois de sair do hospital do Jungkook era que eu fiquei tropeçando, trombando nas coisas, e caindo. Tomado pela embriaguez, dor de cabeça, medo e desespero, eu não sabia quanto tempo havia se passado e onde eu estava. Foi quando eu passei pelo Hoseok. Naquele momento, eu me senti engasgado. Era metade alegria e metade alívio. Por algum motivo, eu acreditava que ele seria capaz de entender a minha confusão e meu medo mesmo que eu mesmo não pudesse entender.
Mas Hoseok desviou o olhar. Ele estava fingindo não me ver. Logo o sinal mudou e eu fiquei parado vendo ele se afastar. Então alguém me empurrou e eu cai no chão. Eu ouvi as pessoas gritando e estalando suas línguas para mim.
“Por que você não foi ver o Jungkook? Você não sabe o que você significa para ele?” É claro que eu sabia. Talvez era por isso que eu não consegui entrar no seu quarto. Eu era deturbado e complicado. Qualquer um que tentasse se aproximar de mim estava fadado a se machucar.
Eu levantei a minha cabeça e olhei para a trilha da montanha desolada. Havia duas direções. Eu podia andar mais fundo na montanha ou eu podia dar meia volta e descer. Eu comecei a ir em direção à floresta escura. Eu sempre me arrisquei em bifurcações na estrada. Eu não tinha destinação. Eu tinha perdido minha noção de tempo. Talvez eu estivesse andando em círculos. Parecia como se meus joelhos fossem desistir a qualquer minuto por causa do frio cortante e da fatiga. Eu estava sem fôlego, e meu coração estava latejando. E se eu simplesmente desmaiasse aqui e morresse? Bom, se eu estou destinado a morrer aqui, então aqui morrerei. Eu desmoronei.
Gotas de chuva caíam no meu rosto. Estava tão escuro com os meus olhos abertos quanto quando eles estão fechados. Eu estava me afogando em camadas de escuridão. Eu pensei na morte repetidamente. Eu queria fugir dos medos e desejos que continuavam me assombrando. Eu queria correr o mais distante daquele objeto aterrorizante pelo qual eu era atraído incontrolavelmente, mas não conseguia olhar diretamente, aquela agonia que me puxava de um extremo ao outro. Agora deve ser a hora. Era para o melhor.
Eu infligi dor nos outros enquanto eu sofria dor maior. Eu desviei os olhos de suas feridas. Eu não queria assumir nenhuma responsabilidade. Eu não queria me envolver. Aquele era quem eu era. Este momento deve ser uma bênção para todos. Eu pisquei lentamente e comecei a adormecer. O frio, a dor, e a fatiga desapareceram. E eu fiquei entorpecido com a escuridão, a luz e os meus arredores. Tudo ficou fosco.
Eu abri meus olhos de novo com o som de um piano. Estava silencioso. Exceto pelo som das gotas de chuva caindo e das folhas farfalhando. No meio do silêncio, o frágil e delicado som de piano continuou a se arrastar em minha direção. Alguém tocando piano no fundo da montanha no meio da noite? Eu pensei que era uma alucinação, mas continuou.
Eu sorri. Era aquela melodia. Aquele melodia que eu tentei tanto relembrar. Aquele algo significativo que estava faltando, que me fez ficar acordado a noite toda por dias a fio. Por quê estava vindo até mim neste momento de todas as ocasiões? Eu me concentrei mais, mas a melodia ainda era quase inaudível, distante e interrompida pela som da chuva. Eu comecei a tossir.
Eu tentei me levantar, mas parei. O que eu faria agora, mesmo se eu pudesse discernir a melodia? O que mudaria mesmo se eu completasse a minha música? Eu nunca quis ser reconhecido pelos outros, receber aplausos, ou ser famoso. Eu nunca quis provar a mim mesmo. Então o que significaria terminar esta canção?
Mas eu me levantei do chão com uma mão e comecei a andar na direção de onde o som estava vindo. Eu estava tropeçando e meu corpo estava tremendo. Meu rosto e minhas mãos estavam adormecidos. Eu não conseguia sentir as minhas pernas. Nenhuma parte do meu corpo parecia estar sob meu controle. Mas eu dava passos firmes, um de cada vez, para me aproximar da melodia.
Gotas de chuva pesadas atingiam minha cabeça. Minha camiseta estava pingando. Cada articulação e músculo pareciam gritar. Minhas pernas tremiam tão violentamente que eu não conseguia levantar os meus pés do chão. Meus pés escorregaram na grama molhada, e galhos espinhosos roçaram meus ombros. Senti frio no meu interior e quase desmaiei. Meu ritmo ficava mais e mais lento. A melodia do piano diminuía a cada passo que eu dava.
Eu acelerei vigorosamente o meu ritmo para encontrar a fonte da música antes que ela parasse. Eu estava com medo de que, se parasse, eu nunca mais seria capaz de ouvi-la novamente. Eu andei adiante, sem ser capaz de distinguir entre a trilha e a floresta. Eu fui atingido por galhos caídos. Então, de repente, meus joelhos deram câimbra e eu caí no chão. Eu estava tão sem fôlego que parecia que eu ia vomitar. Todos os meus sentidos voltaram com tudo, e eu senti o frio, a fatiga, e os arredores estranhos do fundo da montanha vividamente. Conforme eu acelerava o meu ritmo cada vez mais, batia em mais galhos, e meus pés escorregavam mais, o som do piano ficava mais claro. Quanto mais severa a dor, mais alto o som do piano ficava.
Eu finalmente parei de andar depois de vagear na chuva por horas. A melodia ganhou vida de forma mais vivida. Ela explodiu na minha cabeça combinando com o que eu estive compondo até alguns dias atrás. Eu cobri a minha cabeça com meus braços e desmoronei. Era mais próxima a uma emoção pura do que música. Ela estimulava mais a minha noção de dor do que a minha audição. Era uma combinação de sofrimento, esperança, alegria e medo. Era tudo o que eu tentei tanto evitar.
De repente, uma cena de uma tarde ensolarada apareceu diante dos meus olhos. Eu estava tocando uma melodia no piano na minha sala de trabalho. Era aquela melodia que ficava girando na minha cabeça. “Isto soa muito legal.” Jungkook se aproximou. Eu ri. “Você sempre diz isso.”
Não era uma simples melodia. Era uma combinação de várias memórias. Dos dias que eu costumava bater nas teclas do piano brincando quando criança. Dos dias que meus amigos dançaram em sincronia com minha apresentação na sala de aula de armazenagem. Dos dias em que eu ficava acordado a noite toda escrevendo músicas e inalava o ar fresco da manhã. Meu piano estava ao meu lado em todo momento feliz. Essas memórias felizes sempre terminavam estilhaçadas em pedaços, mas elas não podiam ser negadas.
O que significaria terminar essa música? Eu ainda não conseguia encontrar a resposta. Mas havia algo que precedia esta pergunta e a resposta. Eu queria capturar tudo isto antes que se dispersasse no ar. Não era para agradar ninguém ou para provar algo. Não era nem mesmo por mim. Eu só queria capturar esta emoção, dor, e medo, os quais estavam prestes a explodir na minha cabeça e no meu coração, com a música. Não tinha que sinalizar o início de algo. Não tinha que significar nada. Eu só queria terminar esta música.
O som do piano não era mais audível. A chuva estava diminuindo gradualmente, mas meu corpo estava tremendo incontrolavelmente. Eu fechei meus olhos e senti tudo ao meu redor ainda mais vividamente. As gotas de chuva que caíam nas minhas bochechas, espirravam no chão, e escorriam em uma corrente, o vento frio, o cheiro de terra, o farfalhar da folhas. E minha respiração. Quando eu me levantei, a placa de nascente de água mineral surgiu à vista. Eu pensei que eu tinha vagueado a fundo na montanha, mas eu estava de volta aonde comecei. E o caminho ainda se estendia em duas direções opostas. Eu direcionei os meus passos na direção onde o sol nasce.
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24 de Julho, ANO 22 (Jimin) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘After Returning From The Sea’]
HYYH The Notes (화양연화 The Notes) são notas, como um diário, de cada membro, narrando eventos do Universo Alternativo do Bangtan. Elas foram lançadas pela primeira vez contidas nos álbuns da série Love Yourself, e em março de 2019 o livro 花樣年華 THE NOTES 1 foi lançado; mais notas são encontradas nos álbuns da série Map Of The Soul. Elas narram e conectam alguns eventos que vimos anteriormente nos MV’s, nos short films de WINGS, no Highlight Reels de Love Yourself, e nos VCR’s das turnês. Veja aqui mais informações e todas as notas listadas cronologicamente.
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Jimin 24 de Julho, ANO 22
O interior do contêiner estava completamente decorado. Os hambúrgueres, batatas-fritas, e bebidas que o Hoseok comprou estavam dispostos na mesa, e os ornamentos natalinos estavam suspensos na parede. Jungkook estava sentado no centro.
Somente três dos sete copos estavam cheios. Hoseok tinha saído para o seu turno de meio período depois de arrumar a comida, e Namjoon viria mais tarde depois que seu turno acabasse. Ninguém conseguia falar com o Yoongi, e o Seokjin disse que ele viria, mas ainda não tinha aparecido. Taehyung estava sentado em silêncio. Ele ainda fica desconfortável no contêiner do Namjoon? Eu quase o arrastei para cá, mas era impossível animar o clima.
Era assim que éramos a maior parte do tempo depois que voltamos do mar. Ninguém chegava nos outros primeiro, e ninguém estava a par de como os outros estavam. Talvez fosse inevitável. Não eramos mais aqueles estudantes que mataram aula para sair juntos. Todos tínhamos nossos próprios pares de problemas e obrigações agora. Não podíamos nos dar ao luxo de negligenciá-los só porque queríamos estar juntos. Quanto a mim, eu tinha que trabalhar duro para ficar longe do hospital e decidir se eu iria voltar para a escola. Eu tinha que provar para os meu pais, assim como para mim, que eu estava bem. Eu tinha que ter certeza de que eu não era um fardo para ninguém.
Depois de um tempo, Jungkook hesitantemente se levantou. Eu segurei ele, dizendo que ele deveria ficar um pouco mais e ver o Namjoon. Jungkook riu, dizendo que ele ia deixar para a próxima. Eu não podia mantê-lo ali. Limpamos a mesa e saímos do contêiner. Ligamos nossas lanternas do celular. Era dez e meia. Nos separamos na frente do contêiner. Enquanto eu atravessa a ferrovia e esperava pelo ônibus, eu podia ver o Jungkook e o Taehyung andando à distância com suas lanternas ligadas.
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16 de Julho, ANO 22 (Hoseok) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘After Returning From The Sea’]
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Hoseok 16 de Julho, ANO 22
Eu virei as páginas do caderno de rascunhos uma por uma. Nós estávamos rindo juntos na sala de aula usada como armazenagem, no túnel, e contra o plano de fundo do mar. Jungkook estava deitado sozinho no asfalto. Sangue escorria pela rua. A grande lua suspensa no céu noturno.
“Você está machucado?” Eu olhei para trás e vi o Jungkook entrando no seu quarto de paciente. Eu dancei com o meu tornozelo enfaixado em uma bandagem de pressão, e agora tinha gesso ao redor dele. “Eu pareço estar em melhor forma do que você.” Intencionalmente eu demonstrei uma reação dramática para as suas palavras e disse que a saúde dele era imbatível. Jungkook disse que ele ia passar por um check-up minucioso na próxima semana e poderia ir para casa depois se não houvesse problemas.
Eu decidi que deveríamos dar a ele uma festa. Nós fizemos uma festa no contêiner do Namjoon no dia em que o Jimin fugiu do hospital, com hambúrgueres, refrigerantes e bolo que o Seokjin comprou. Brigamos para ver quem usaria o único chapéu de festa até ele rasgar. Espalhamos aquele bolo caro nos rostos uns dos outros. Namjoon reclamou que ele teria que limpar toda a bagunça sozinho. Mas foi divertido. Nós sete finalmente nos juntamos pela primeira vez depois de sairmos do ensino médio. Rimos de cada palavra e de cada movimento. Cada minuto juntos era emocionante e animador mesmo que não disséssemos ou fizéssemos nada. Eu queria um dia como esse. Um dia em que nos encontramos e rimos juntos.
“Hey, aquela noite – ” Jungkook começou a falar enquanto saiamos do elevador e nos dirigíamos para a porta da frente do hospital. Seu olhar estava fixo em algo do lado de fora. Ele não parecia estar realmente olhando para algo. Ele só piscava seus olhos como se tentando desenterrar uma memória antiga. “O Seokjin falou sobre aquela noite? Eu digo, ele disse que me viu ou – ?” Jungkook parou de falar. “Seokjin? Viu você? Onde?” Eu perguntei, mas ele não abriu sua boca de novo.
“Você é uma boa pessoa, certo?” Jungkook me perguntou antes de nos separarmos. “Para de falar besteira.” Eu bati em seu ombro de forma brincalhona e acenei um tchau. Eu acelerei os meus passos. Eu sou uma boa pessoa? Quando eu estava crescendo, eu ouvia que eu era uma criança radiante e alegre. Eu costumava ouvir que eu era sensível e impressionável. Isso significava que eu era uma boa pessoa? Eu nunca tinha pensado nisso antes. Eu olhei para trás e o vi ainda parado na entrada olhando para o céu nublado.
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24 de Julho, ANO 22 (Seokjin) – [花樣年華 THE NOTES 1; Capítulo ‘After Returning From The Sea’]
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Seokjin 24 de Julho, ANO 22
Eu segui o meu pai para a sala de conferência iluminada. Eu sentei em uma cadeira na entrada e olhei ao redor. Eu não tinha certeza do porquê eu fui convocado lá. Meu pai sentou no centro e estava cercado por rostos familiares. Eu olhei para o relógio. A festa da alta do Jungkook deve ter começado. Eu estava pensando em ligar para os outros quando meu pai abriu sua boca e a sala inteira ficou quieta. A atmosfera estava pesada, mas não parecia ameaçadora. Mais propriamente, a sala estava zumbindo de animação e expectativa. As luzes se apagaram e o titulo da conferência apareceu na tela. Plano Principal para a Renovação do Centro de Songju.
Meu pai me ligou de repente. Para ser exato, foi a sua secretária quem me ligou. Eu disse que eu tinha um compromisso, mas eu não achei que funcionaria. Meu pai me perguntou no carro no nosso caminho para cá se eu ainda estava saindo com aqueles tão chamados amigos meus. Eu não respondi. Ele não estava fazendo uma pergunta. Ele só estava os menosprezando, me reprovando por me dar bem com eles, e me ordenando cortar os laços com eles.
Ele nem mesmo olhou para mim. “Não desperdice o seu tempo com nada. Estou dizendo isso para você por experiência. Além do mais, você terá que ajudar muito por aqui. Tente aprender o máximo que você puder, você logo se tornará um adulto digno de seu valor.”
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